Quando a cólica menstrual se torna uma doença
Todo mês, cada menstruação é sinônimo de sofrimento e muita dor.
Algumas vezes essa dor se prolonga para períodos entre menstruações ou mesmo durante o ato sexual, principalmente em penetrações profundas.
Sempre que menstrua, a mulher elimina o tecido que reveste internamente o útero - o endométrio. No entanto, uma parcela desse tecido é eliminada através das trompas, para dentro do abdome da mulher. "Essas células são eliminadas pelo sistema imunológico feminino, mas cerca de 20% das mulheres conseguem efetivar essa eliminação", explica o ginecologista Marco Aurélio Pinho de Oliveira, presidente da Comissão de Laparoscopia da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).Estimulado mensalmente pela menstruação, esse tecido vai se alojando e funciona como um 'corpo estranho', em constante crescimento no corpo da mulher. A cada mês, ao crescer, ele provoca uma inflamação ao redor de si, o que resulta na sensação de dor no período menstrual.
Conhecida como endometriose, essa doença é normalmente confundida com cólicas menstruais e pode trazer danos irreversíveis à saúde da mulher se não tratada. "A doença pode lesar órgãos internos e, em alguns casos, levar à falência dos rins, por exemplo", comenta Marco Aurélio.
Ele salienta ainda que a mulher moderna, que engravida menos e mais tardiamente, menstrua mais vezes ao ano e acaba tendo mais chances de desenvolver a doença. "Pode-se dizer que a menstruação é uma incompetência feminina em engravidar naquele determinado ciclo menstrual. Com o advento das pílulas contraceptivas, a mulher vem menstruando cada vez menos. Mas é importante lembrar que o corpo da mulher não foi programado para menstruar com tanta freqüência e ela acaba pagando um preço alto por isso", explica Marco Aurélio.
Outro agravante da doença é o alto índice de infertilidade feminina. "Estima-se que entre 40 e 70% das mulheres inférteis o sejam em função de uma endometriose", comenta Marco Aurélio. "Alguns casos podem ser reversíveis, mas é importante que a doença seja diagnosticada o mais cedo possível", complementa o ginecologista Maurício Simões Abrão.
Segundo o médico, o tempo entre o início das queixas e diagnóstico é de aproximadamente sete anos. "A idade média de diagnóstico na mulher é de 32 anos, mas ela começa a sentir os sintomas cerca de sete anos antes. É senso comum que sentir dores fortes e mensais durante a menstruação é normal e isso acaba fazendo com que o diagnóstico seja tardio", informa Maurício.
As dores originadas pela endometriose aparecem todos os meses, não passam com medicação e, em alguns casos, incapacitam a mulher, deixando-a de cama. Em casos mais avançados da doença, quando a inflamação do tecido na cavidade abdominal é grande, as dores podem aparecer durante o ato sexual ou mesmo no intervalo entre períodos menstruais.
Outros sintomas da doença são diarréia, sangramento intestinal e da urina e dor para evacuar e urinar. "O que chama a atenção para a doença é quando a cólica durante a menstruação se associa a esses sintomas citados, incluindo a dificuldade que a mulher apresenta para engravidar", comenta o ginecologista Maurício Simões Abrão.
Existem hoje três maneiras de se diagnosticar a endometriose.
Segundo Maurício, um bom diagnóstico da doença pode ser feito através de uma
com uma boa anamnese", garante o médico.
Fonte de pesquisa: Redação TERRA
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