Airton Sena Faria 50 anos - 21.03.2010




Ayrton Senna faria hoje 50 anos: O homem e o mito
O triplo campeão do Mundo de fórmula 1, Ayrton Senna da Silva faria hoje 50 anos. Dezasseis anos depois do acidente que o vitimou em Imola, naquele fatídico 1 de Maio que marcou para sempre a F1, Ayrton Senna continua a ser um mito do desporto, que alimenta paixões e polémicas no mundo inteiro. De forma a marcar a data do 50º aniversário do seu nascimento, a 21 de Março de 1960, o AutoSport recorda algumas das imagens que marcaram a sua carreira.
O ano passado, a AutoSport recordou os 15 anos do desaparecimento do ídolo, e na altura Luís Vasconcelos recordou alguns momentos da sua bem preenchida carreira:


"Da mesma forma como todas as pessoas da geração anterior à minha se lembrarão para sempre onde estavam, quando souberam da morte do presidente Kennedy, todos os que são da minha geração se recordarão do que estavam a fazer quando souberam que Ayrton Senna tinha morrido."


Quinze anos depois de ter escrito esta frase ela parece-me ainda mais verdadeira do que na altura em que me saiu das mãos para a máquina de escrever. O impacto a nível mundial do acidente fatal do piloto brasileiro ultrapassou em muito as barreiras do desporto automóvel, transformando aquele que era, na altura, o piloto mais popular num mito de carácter global.

Para muita gente a F1 acabou no primeiro dia de Maio de 1994, quando Ayrton Senna morreu em Imola; mas para muitos outros, começou nesse dia, pois a divulgação do acidente em todos os cantos da Terra fez com que gente que nunca se interessara pela F1 decidisse ver as corridas seguintes. Boa parte deles acabaram por se tornar adeptos dum desporto de que mal tinham ouvido falar até então.


Ainda no ano passado uma jovem jornalista inglesa, no seu segundo Grande Prémio, me disse ser um desses casos: "Nunca tinha visto uma corrida nem ao vivo nem na televisão, nem tinha interesse nenhum por qualquer desporto. Tinha 14 anos quando o Senna morreu e falou-se tanto disso em todos os canais, em todos os jornais e revistas, que duas semanas depois vi o GP do Mónaco e fiquei apaixonada por este desporto. A minha maior pena, a nível profissional, será sempre a de nunca ter visto o Senna correr!"


Nesse Grande Prémio do Mónaco de 1994, marcado pelo violento despiste de Karl Wendlinger, que passou 17 dias em coma mas fez uma recuperação total, faltaram caras habituais no paddock, algumas dezenas despediram-se dos amigos e abandonaram a F1 para sempre, outros partiram com essa mesma intenção mas regressaram ao nosso convívio dois ou três anos mais tarde.


O fotógrafo pessoal de Senna e seu amigo Norio Koike, foi dos que voltaram, "porque o Ayrton amava este desporto mais do que qualquer outra coisa e abandoná-lo porque não suportava estar aqui sem o meu amigo foi um acto de egoísmo da minha parte."


Nem ano nem demónio


A morte dum ídolo, mais a mais de forma violenta e quando ainda na plena posse das suas qualidades tende a levar a um endeusamento por parte dos seus fãs e o falecimento de Ayrton Senna teve nos anos 90 o mesmo efeito que a morte de James Dean teve na geração anterior. Ambos jovens, intensos, com um carisma extraordinário, Senna e Dean eram ídolos à escala mundial, o americano no período em que o cinema de Hollywood conheceu o seu primeiro grande "boom" a nível mundial, depois da 2ª Grande Guerra, o brasileiro no momento em que a F1 passou a ser um desporto global, ultrapassando finalmente as fronteiras da Europa, nos anos 80 e 90.


Sendo um elemento polarizador de paixões em vida, Senna dividiu ainda mais os adeptos da F1 depois da sua morte. Do endeusamento feito pelos seus muitos adeptos à diabolização feita pelos que apoiavam os seus principais rivais, as reacções extremaram-se, acabando por reflectir de forma clara o conceito que o brasileiro tinha das pessoas e do Mundo. Para Senna era impossível estar com ele e ser amigo de Prost ou Piquet, por exemplo.


Michael Schmidt, para mim o mais independente de todos os jornalistas de F1 dos últimos 25 anos e dos melhores informados de sempre, recorda que, "o Ayrton sempre foi aberto e franco comigo até que um dia me viu a falar amigavelmente com o Nelson Piquet. Deixou logo de me falar, sem que eu percebesse porquê e durante algumas corridas, mas as coisas, pouco a pouco, voltaram ao normal. Anos depois a situação repetiu-se com o Prost e ele voltou a afastar-se, desta vez por muito mais tempo. Só no seu último ano e meio de vida voltamos a ter um relacionamento normal, quando ele percebeu que por questões profissionais tenho de manter boas relações com todos os pilotos, pois só assim terei independência para os elogiar ou criticar. Foi o único piloto que me fez uma coisa daquelas, mas ele era mesmo diferente de todos os outros."


Tendo trabalhado com ele, mesmo que por pouco tempo, Patrick Head tem uma visão muito pragmática sobre quem era o homem Ayrton Senna: "Antes de mais nada ele tinha uma aura pessoal que não deixava ninguém indiferente e no Brasil era reverenciado como um Deus. Fico sempre com pena do Barrichello quando penso nos dois, porque ele foi sempre maltratado pelos seus compatriotas só porque não era igual ao Ayrton. Mas mais ninguém era, pois não?

O Ayrton era um competidor implacável, que nunca desistia, que nunca se rendia e ganhou muitas corridas sem ter o melhor carro. Mas também perdeu algumas em que tinha o melhor carro! O que o distinguia mesmo dos outros pilotos era o seu carisma, a sua determinação e as suas profundas convicções religiosas que fizeram com que ele acabasse por ser maior que o desporto que o consagrou. Mas tanto quando estávamos em lados diferentes da barricada como quando trabalhamos juntos nunca vi laivos de santidade ou diabólicos nos seus actos: ele era apenas um desportista de grande nível que fazia tudo o que estivesse ao seu alcance para atingir o melhor resultado possível em todos os momentos."


Atenção aos detalhes


Se Lauda era o "Computador" e Prost o "Professor", Ayrton Senna foi o primeiro piloto a dar atenção a todos os detalhes que poderiam fazer a diferença na sua pilotagem. A sua procura da perfeição nunca terminou, como recorda Adrian Newey: "Lembro-me que quando ele chegou à F. 1 vigoravam os turbo e ele encontrou uma maneira de manter as rotações em alta e de baixar o tempo de resposta dos motores, que era o grande problema da altura, pois a tecnologia turbo ainda não estava muito desenvolvida. Parecia ter três pés, pois embraiava e travava ao mesmo tempo que dava sucessivos toques no acelerador e isso fez muita gente dizer que no dia em que acabassem os turbo ele seria um piloto como outros.


Mas quando baniram os turbo ele continuou a ser o mais veloz, pelo menos em qualificação, que sempre foi o ponto forte, porque trabalhou depressa e bem para aprender a tirar o máximo partido dos motores atmosféricos! As suas qualidades não eram quantificáveis, e sabes que eu tento sempre quantificar as coisas: a sua independência de espírito, a sua auto-confiança inabaláveis e a total incapacidade de aceitar que podia ser batido é que o tornavam, de facto, num personagem especial."


Esse carisma, essa auto-confiança fizeram de Ayrton Senna o tal ídolo em vida, que se transformou em mito depois da morte. Centenas de crianças japonesas, nascidas na segunda metade do anos 90, viram os pais dar-lhes o nome de Senna - porque para Ayrton não havia um carácter japonês - que não era aceite no pais do Sol Nascente até ao primeiro dia de Maio de 1994. A sua forma vibrante, emocionada, franca de comunicar, tanto quando abria o coração como quando exprimia a sua cólera, apaixonaram os nipónicos, tradicionalmente pouco dados a exprimirem emoções. Também por isso, o Japão continua a ser, depois do Brasil, o país onde o mito Senna está mais vivo. Mas o brasileiro ainda é uma referência a nível global, continuando a dividir os adeptos mais antigos da F1 de forma bastante apaixonada.


Luís Vasconcelos

Comentários

  1. Airton Sena
    Pode passar os anos, o tempo mais eu sempre lembrarei desse Super Campeão, tenho certeza que ele esta lá no Céu junto de Deus.

    Antonio Marco de Barros
    Distrito da Areia Branca - Bairro São Roque - Itapeva - SP

    ResponderExcluir
  2. Ele deixou saudades
    Bjo e boa semana
    Yoyo

    ResponderExcluir
  3. EM TODA MINHA VIDA NUNCA ENCONTRE UM PILOTO A ALTURA DESSE GRANDE HOMEM FOI ESTREMAMENTE CONPETITIVO LUTADOR.QUE NOS DEIXA MUITA SAUDADE.UM GRANDE ABRAÇO,E QUE DEUS O ABENÇOE.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Alma em transformação é o símbolo da Borboleta

SAUDADES SEM FIM

VOCÊ CONHECE UMA MÃE QUE PERDEU UM FILHO?